segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Fábrica de filhotes

No ranking mundial do mercado de pets, os EUA reinam soberanos na primeira posição. Por lá, as estimativas são de que o ano de 2007 feche com um faturamento recorde, ao redor US$ 41 bilhões. Para se ter uma idéia da magnitude disso, no Brasil, país onde vemos uma proliferação bem acelerada de pet shops, bem como de produtos e serviços para animais de companhia, a cifra estimada para esse ano alcança os US$ 3,3 bilhões.

Nesse quadro, gente de tudo quanto é tipo resolve tirar algum proveito da festa, como garimpeiros que vão em massa rumo a um Eldorado feito de focinhos e patas. Do empresário competente e ético ao picareta genuíno. Por causa desse último tipo, nos EUA, surgiram as "puppy mills".

Mas o que seria isso? Numa tradução livre, "puppy mills" são "fábricas de filhotes", locais afastados dos centros urbanos onde centenas de cães de raça são confinados para gerarem filhotes que, por sua vez, irão "abastecer" os inúmeros pet shops do país. Funcionam em um esquema industrial, muitas vezes com gaiolas em cima das outras, aos montes, com os animais largados em condições de espaço e higiene que não fariam feio aos campos de concentração nazista.

As fêmeas vão parindo a cada ciclo, sem descanso. Quando já não exibem condições para tanto, tornando-se inúteis para a "fábrica", são descartadas, liberando espaço na gaiola pra outras mais produtivas. As mais sortudas vão para leilões. Outras, de tão desgastadas, após várias crias, são sacrificadas por ali mesmo. Assistência veterinária? Pra quê? Gasto demais, ora essa.

Por causa disso, associações de defesa dos animais, além de denunciarem esses empreendimentos - que não possuem autorização legal para funcionar -, promovem também campanhas que procuram desestimular a compra de cães nos pet shops, através da conscientização do público sobre a origem desses animais. Propagam a idéia de que, ao invés de se estimular o comércio das "puppy mills", não seria mais justo adotar um dos bichos que estão nos corredores da morte dos inúmeros abrigos para animais espalhados pelo país?

Aqui no Brasil, grande parte dos cães e gatos de raça ainda são originários dos criadores de pequeno porte - sim, com vários picaretas no meio também -, sem o mesmo perfil industrial das "fábricas de filhotes" dos EUA. Mas, da forma como o mercado de pets vem crescendo por aqui também, ano após ano, temos, infelizmente, um enorme potencial para o surgimento de criações similares às citadas nesse texto. E com a clara desvantagem de contarmos com a boa vontade das autoridades daqui, com aquela eficiência pra fiscalizar que tão bem conhecemos.

Pra finalizar, segue abaixo um vídeo com cenas de algumas "puppy mills", nos EUA:



Artigo retirado do site:
http://www.interney.net/blogs/cidadaovet/2007/11/12/fabricas_de_filhotes/

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